quarta-feira, 27 de maio de 2009
Muito além do entretenimento
Em um recente programa Jô Soares, ao entrevistar Ana Carolina, não sabia que o HSBC Brasil (casa onde a cantora se apresenta em turnê do novo disco durante toda sexta-feira do mês de junho) na verdade é o antigo Tom Brasil e ficou surpreso ao descobrir.
O HSBC não foi a primeira grande empresa a tomar essa atitude. Caso similar sempre citado nas faculdades de Marketing é o da Copa Libertadores, que já foi Toyota e hoje é Santander. Mais próximo do grupo estratégico ao qual o HSBC Brasil participa temos o Teatro Abril e o Credicard Hall. A estratégia por traz desses “novos nomes” é clara: Fixação da marca, exposição da mesma e envolvimento emocional do cliente.
Apesar do nome, o HSBC não comprou o Tom Brasil, uma saída inteligente, pois não são especialistas em eventos e sim no mercado bancário. Essa saída garante que a qualidade que o público do Tom Brasil conhecia continue a mesma, pois os funcionários e o estilo das apresentações continuam os mesmos. O que garante o nome do banco no nome da casa é, na verdade, que este é o patrocinador máster, com contrato de 7 anos renováveis.
Graças aos altos investimentos do HSBC, agora o Tom Brasil foi reformado. A casa está ampla, com melhores tecnologias, com visual moderno e com o nome do banco em todos os cantos. Na verdade o Tom Brasil já estava fadado a sofrer grandes investimentos e modificações, antes mesmo do HSBC lançar sua proposta. A casa de Paulinho Amorim procurou por diferentes empresas que têm o mesmo perfil para que uma fosse responsável pelo patrocínio máster, empresas como o HSBC e a Telefônica. Apesar de parecer muito com um investimento de “private-equity”, fica claro que o HSBC não tem interesse em repassar seu contrato para outra empresa, assim como também não possui parte da casa, é apenas um patrocinador máster.
O Tom Brasil não foi o único investimento do HSBC na arena de entretenimento. Na verdade o banco também investiu na Arena Rio (casa de shows no Rio de Janeiro), Coral de Natal no centro (no Paraná) e até mesmo uma sala de cinema em São Paulo.
Mas não é só o HSBC que ganha com o investimento. Paulinho Amorim está cada vez mais sorridente, afinal de contas a casa foi reformada sem nenhum investimento, os shows possuem maior visibilidade, houve fidelização do público, a casa ainda é sua e ainda existem outros patrocinadores (Primus, GM, Golden Cross, Blue Tree, Hiat e Varig), que fornecem dinheiro em espécie, produto (como a Primus) ou serviços (como hospedagem de permuta), sendo que esses últimos possuem uma negociação diferenciada. Outro destaque é que a maior rentabilidade não vem nem dos shows, nem dos patrocinadores.
Perante tudo isso o HSBC Brasil soa ser o investimento mais rentável de todos os tempos, e só não o é realmente, pois a casa tem como principal concorrente o grupo Time For Fun, donos de 3 casas tradicionalíssimas de São Paulo, entre elas a Via Funchal, palco de grandes apresentações e parte obrigatória do roteiro de qualquer turnê grande de músicos brasileiros.
Portanto o investimento no HSBC Brasil tem tudo para dar certo e ser o mais rentável que o banco já fez. Apesar de, como já citado, o contrato ser de apenas 7 anos com possibilidade de renovação, é certo que a renovação vai ser feita e a duração do contrato ampliada.
Foi oficializado no dia dezenove do mês passado a fusão entre as empresas Perdigão e Sadia. O resultado foi a criação da BFR (Brasil Food) a informação divulgada pelo presidente da Perdigão, Nildemar Secches e pelo presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, surpreendeu a muitos consumidores.
A fusão entre duas das maiores empresas do setor é apresentada como um super empreendimento no ramo de alimentos processados que segundo Secches, surgi “a grande multinacional brasileira de alimentos brasileiros processados".
A Brasil Foods já surge como líder de em alimentos processados no país, conta com 120 mil funcionários e suas operações comerciais acontecem nada menos do que em 110 países. Na divisão do capital, 32% da nova empresa ficará com acionistas da Sadia e 68% com acionistas da Perdigão.
Talvez esse números da divisão de capital não reflitam com o passado. A Sadia sempre foi lider de mercado, mas sempre com alguém ali atrás que sempre incomodava com seus lançamentos e ações de distribuição bem feitas. Segundo um professor nosso, nos últimos anos as tomadas de decisões por parte de representantes da Sadia foram muito erróneas e constantes, chegando ao ponto de aparentar em seu faturamento. Chegou a hora em que a Sadia precisou baixar a cabeça, assumir seus erros e chegar na melhor saída possível, a fusão.
Para os clientes talvez mude pouco ou nada, como vimos em experiências passadas de fusão. Pois o melhor mesmo e ter concorrência para que haja um serviço e produto de melhor qualidade com preços mais acessíveis
Segundo Secches, a tomada de decisões será feita por um conjunto de acionistas. "Como a maioria das multinacionais o controle de capital é difuso. Vale dizer que as decisões não serão tomadas por um único acionista, mas por um conjunto de acionistas", disse representante da Perdigão.
A capitalização do novo empreendimento será feita por meio de oferta pública de ações no valor estimado em R$ 4 bilhões.
Três esfihas pelo preço de um café
Ou estamos "ON" ou estamos fora
segunda-feira, 18 de maio de 2009
O quebra-quebra, a meia suja e o RH
Mudando momentaneamente de foco, mas não de assunto, recentemente tivemos a oportunidade de acompanhar uma série de entrevistas em profundidade feita por uma empresa de pesquisa de mercado. As entrevistas foram feitas com donas de casa em suas casas e pouco a pouco foi possível observar uma unanimidade na avaliação do produto testado nessa pesquisa que todas as mulheres consideraram excelente.
Uma das entrevistas, no entanto, foi completa diferente das outras. A dona-de-casa chegou atrasada pois tinha ido buscar os filhos – um menino de seis anos e uma menina de oito -- na escola. Magra, olheiras, cabelo despenteado, equilibrava mochilas e sacolas de compras enquanto procurava as chaves dentro da bolsa. Pediu desculpas pelo atraso e nos convidou para entrar. Um hiperativo poodle branco nos recebeu calorosamente. A casa precisava urgentemente de uma organizada e, enquanto transcorria a entrevista, a dona-de-casa foi aproveitando para lavar a louça, dar comida para o cachorro, etc. Foi logo nos falando que “não gostei do produto, o resultado foi ruim, ninguém mais faz produtos bons, ninguém se importa com o consumidor...” Perguntamos porque não gostou e a resposta foi meio vaga: “não foi o que eu esperava”. E o que esperava: “algo melhor, que me agradasse, que me deixasse mais contente”, foi respondendo enquanto recolhia a roupa no varal. Foi então que ela se deparou com um par de meias de criança que, apesar de terem sido lavadas, continuavam encardidas.
O simples par de meias encardido detonou uma explosão na mulher: “por mais que eu esfregue elas não ficam limpas...” Lágrimas, soluços, as crianças pararam para olhar espantadas para a mãe, até o cachorro parou por um segundo. Nós ficamos sem saber o que fazer enquanto a mulher soltava o verbo: não queria mais esfregar meias, não queria gastar sua vida esfregando meias, o desempregado do marido que se virasse, o cachorro que se virasse, o apartamento, por ela, podia explodir, a escola das crianças que estava cobrando as mensalidades atrasadas, podia explodir, as crianças que fossem pedir dinheiro no farol, o cachorro viraria assado quando acabasse o dinheiro até para comprar comida e que, daqui para frente, cada um lavasse suas próprias meias. Disse ainda que a única coisa que o infeliz do cachorro tinha de bom é que ele era o único da casa que não usava meias. O clima de total constrangimento que se instalou quando acabou o acesso de verborragia, fez com que nós nos despedíssemos quase que em silêncio e fôssemos embora o mais rápido possível deixando aquela infeliz dona-de-casa e seus aturdidos filhos entregues a sua própria sorte.
É óbvio que aquela mulher não gostou do produto, do jeito que estava se sentindo não ia gostar de nada! Exausta, exaurida, desapontada com a vida, um par de meias encardidas, só um par de meias encardidas, apenas um par de meias encardidas – tão pouco, coisa tão pequena – foi o suficiente para acender o estopim de uma enorme e incontrolável explosão.
Retomando o homem do vídeo do começo, podemos imaginar que o que foi dito no seu ouvido tenha sido algo sério, terrivelmente ofensivo. Mas pode ser também que tenha sido algo tão banal quanto “o café ainda não está pronto.”
Se, em algum momento, essas pessoas tivessem alguém que pudesse perceber o estado de pressão em que elas estavam, alguém que tivesse conversado com elas, ouvido o que elas precisavam dizer, alguém que as tivesse ajudado a abrir a válvula de pressão aos poucos, sem explodir, provavelmente, elas não teriam chegado no ponto de surtar e, aparentemente, por tão pouco. Acontece que ninguém chega a um nível insuportável de stress, de desapontamento, de desilusão, de um momento para outro. Isso é resultado de acúmulo de coisas mal resolvidas. Ou não resolvidas.
E é assim que, muitas vezes, dentro de uma empresa, alguém, de um momento para outro, passa a ter (ou tem) atitudes e comportamentos incompreensíveis ou inexplicáveis.
As pessoas passam a maior parte do seu tempo vivendo e convivendo dentro das organizações. Isso imputa às organizações e aos profissionais que são responsáveis pela gestão de pessoas um grau de responsabilidade importante no reconhecimento e administração desses “gatilhos”, muitas vezes gerados por problemas internos: sobrecarga de trabalho, acúmulo de funções, falta de reconhecimento, insatisfação com a chefia, equipe ou remuneração, discordâncias entre pessoas que, em função de atingir metas, tornam-se interdependentes, etc.
O trabalho do RH só terá bom retorno se ele conhecer as reais necessidades dos colaboradores. Para que o profissional de RH possa reconhecer e até mesmo antecipar crises, sejam de indivíduos ou de grupos, torna-se fundamental conhecer as pessoas que atuam na organização como um todo e estabelecer canais de comunicação acessíveis.
Algumas atitudes podem contribuir bastante para a eficácia do trabalho do RH: fazer um cronograma de visitas aos diversos setores da empresa para conhecer melhor quem atua em qual setor; perguntar e escutar o que os funcionários dizem sobre o próprio setor em que atuam e as ações da empresa de uma forma geral; abrir espaço para que as pessoas também possam perguntar, tirar dúvidas e falar sobre suas preocupações; aproveitar os momentos "informais" do dia-a-dia para se aproximar e conhecer melhor as pessoas.
Além disso, programas voltados para a Qualidade de Vida no Trabalho podem fazer um grande diferencial na vida dos funcionários e, conseqüentemente, nas organizações. Aplicados adequadamente, os esforços para melhorar a qualidade de vida das pessoas podem contribuir para aumentar significativamente a satisfação pessoal, a auto-estima, a auto-confiança. O que certamente aumenta o índice de comprometimento com a organização e se reflete diretamente na produtividade e na performance dos profissionais dentro das empresas.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Uma Máquina de vender livros
Seja Feita a Vossa Vontade!
Fonte: Revista Piauí nº31
terça-feira, 5 de maio de 2009
Onipotente
Alguns trechos da matéria me fizeram refletir sobre Estrutura Oraganizacional da Coteminas como: ‘’Josué é brilhante mas é um só. Não se pode administrar uma companhia gigantesca da mesma forma que tocava uma empresa no interior de Minas’’ (gestor de um dos fundos que investe na Coteminas). Bom a empresa como disse o tal gestor é gigantesca, não há como controlar cada movimento da empresa e ainda sim ser super eficiente. Outro trecho é ‘’A Coteminas perdeu mercado porque Josué não ouve ninguém e não toma as decisões na velocidade que deveria’’ (sócio de fundo de investimentos ). Bom, a centralização desse poder só atrasa as tomadas de decisão em meio a um cenário onde as decisões são para ontem. Outro assunto que pode ser abordado é o modelo Vroom-Jago, mas isso já é assunto para outro post.
Fonte - Exame edição 942